A PÁSCOA
I –
ORIGEM (Wikipédia e Texto de Maria Clara L.
Bingemer - A Páscoa Judaica e a Páscoa Cristã)
1.
Do
hebraico, Pesah ou Pesach (também escrito Pessach)
2. Festa móvel, conforme o calendário
civil, caindo – segundo o 1º. Concílio de Nicéia (ano 325) – no 1º. Domingo
depois da lua cheia seguinte ao equinócio vernal (chamada lua cheia pascal),
variando hoje, no ocidente, entre 22 de março e 26 de abril (inclusive).
3. Na festa judaica, recorda a libertação
do povo de Israel, escravo no Egito, conf. o livro do Êxodo – não excluído da
festa Cristã.
4. A Páscoa cristã tem seu fundamento na
ressurreição de Cristo, pois “Deus
regenerou os cristãos para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos” (1Pedro 1, 3). Pela fé na obra divina, somos
espiritualmente ressuscitados com Jesus para a vida eterna.
5. A Páscoa cristã é estreitamente ligada
ao Livro do Êxodo (festa judaica). Mas Jesus deu à refeição pascal (hoje
quinta-feira santa) um novo significado, pois ele preparava a si mesmo e aos
discípulos para a morte durante a ceia no cenáculo, quando identificou o pão e
o vinho como seu corpo e sangue, que por nós seria derramado. Tratava-se de pão
sem fermento, como diz Paulo em 1Cor, 5, 7 (ver).
6. A Última Ceia, celebrada por Jesus e
seus discípulos, era uma “sêder de Pessach” (Ceia de Páscoa). Os primeiros
cristãos celebravam esta refeição para rememorar a morte e ressurreição de
Jesus.
7. O Cordeiro Pascal era uma das
refeições tradicionais judaicas durante a Páscoa. Ao re-interpretar o
significado desta celebração, os cristãos identificaram Jesus como sendo o
cordeiro imolado, criando o símbolo do Cordeiro
de Deus.
8. O sábado de Páscoa é o sábado depois
do Domingo de Páscoa (e não o sábado de Aleluia, antes dele).
9. “A observância litúrgica tradicional,
praticada por católicos, luteranos e alguns anglicanos, começa na noite do
Sábado de Aleluia com a Vigília Pascal. Esta, considerada a liturgia mais
importante do ano, começa numa escuridão total com o fogo pascal e o
acendimento do Círio (símbolo do Cristo ressuscitado) e o canto do Exultet, uma proclamação de Páscoa
atribuída a Santo Ambrósio.”
10. “Depois deste serviço de Luz,
seguem-se diversas leituras do Antigo Testamento. Elas contam as histórias da
criação, o sacrifício de Isaac, a travessia do Mar Vermelho e profecia da vinda
do Messias. Esta parte do serviço litúrgico culmina com o canto do Glória, do
Aleluia e finalmente com a proclamação da “boa nova” (evangelion) de
ressurreição. Neste ponto as luzes são novamente acesas e os sinos bradam (de
acordo com os costumes locais).”
11. “O foco então se volta do púlpito para
a pia batismal. Nos tempos antigos, a Páscoa era considerada o período ideal
para que os convertidos recebessem o batismo e esta prática continua entre os
católicos romanos e na Comunhão Anglicana. Havendo ou não batismos neste
momento, é tradicional que a congregação renove seus votos batismais, um ato
que é geralmente selado com o aspergimento da água benta da fonte. O Sacramento
da Confirmação é também celebrado durante a Vigília.”
12. Divergências - Com base na interpretação
de II Coríntios 6, 14 – 16 (ler)
algumas tradições reformistas e
contra-reformistas rejeitavam as tradições pascais, acreditavam que, se uma
prática ou festa religiosa não estava diretamente na Bíblia, então ela deveria
ter desenvolvimento posterior e daí não deve ser considerada parte da prática
cristã autêntica, sendo desnecessária e/ou pecadora.
II – NA LITURGIA
CATÓLICA, HOJE (pós Concílio Vaticano II)
1. No Ano Litúrgico o Ciclo Pascal tem como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma
como preparação e o tempo Pascal como prolongamento.
2.
A
Quaresma: começa na quarta-feira de cinzas e vai até a Missa da Ceia do Senhor,
exclusive. É o tempo em que nos
preparamos para viver o tempo pascal.
3. Tríduo
Pascal: ápice do Ano
Litúrgico. Começa com a Missa da Santa Ceia, quinta-feira à noite, até a manhã,
bem cedo, do domingo da Ressurreição, aí incluída, portanto, a VIGÍLIA Pascal –
mãe de todas as vigílias. Celebra a morte e ressurreição do Senhor, "quando
Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus
pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e
ressuscitando renovou a vida".
4.
Tempo Pascal: Os 50 dias entre o domingo da
Ressurreição e o domingo de Pentecostes, é o tempo da alegria e da exultação,
um só dia de festa, "um grande domingo”. São dias de Páscoa e não após a
Páscoa.
5. "Os oito primeiros dias do tempo
pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do
Senhor".
A festa da Ascensão é celebrada no
Brasil no 7° domingo da Páscoa.
A semana seguinte, até Pentecostes,
caracteriza-se pela preparação à celebração da vinda do Espírito Santo.
6. Em sintonia com as outras Igrejas
cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a "Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos".
7. Recomendam-se, para esta ocasião, orações
durante a missa, sobretudo na oração dos fiéis, e oportunamente a celebração da
missa votiva pela unidade da Igreja.
Notas: Meses, semanas e
dias temáticos (conf. Guia Litúrgico-Pastoral, da CNBB)
1. "A comunidade deve celebrar a sua
vida na liturgia (...). Mas deve celebrá-la à luz de Jesus Cristo ressuscitado,
vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um tema, de uma idéia
(...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que lhe tocam mais de
perto; mas à luz da palavra viva, corno o único tema... E quando não se penetra
profundamente na palavra de Deus, na docilidade do Espírito, facilmente pode-se
cair na moralização. (...) Assim, o domingo celebra realmente a vida da
comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada na única vida do
Ressuscitado que lhe dá vida”.
2. A liturgia não pode se tornar lugar
para discutir soluções e respostas para os temas e problemas que afligem a
comunidade. A liturgia "não esgota toda a ação da Igreja" (SC 9). Ela
é, sim, "o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a
fonte donde emana a sua força" (SC 10).
3. A liturgia não é primordialmente o
lugar de evangelização e conscientização. Ela "não pode ser aproveitada
(usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem. Pois seu
objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá
concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos
diferentes para a celebração, segundo as 'cores' da vida da comunidade. Mas o
único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério
pascal nas 'cores' diferentes da vida trazida com seu mistério para o encontro
da celebração dominical”.
4. Para dar aos meses e dias temáticos o
seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral Litúrgica prepare bem a
celebração, não reproduzindo apenas folhetos e subsídios oferecidos. Na missa,
os "temas" podem ser lembrados no início (recordação da vida), na
homilia e nas preces dos fiéis.
III - CONCLUSÃO
Concluímos com as anotações de Maria Clara
Lucchetti Bingemer
1. “Urgência de fazer avançar o Reino de
Deus através do conflito e da dor. Pressa de fazermos acontecer o Amor,
sobretudo onde o desamor parece haver conseguido seu maior avanço: na pobreza,
na injustiça, na violência, na exclusão. Necessário em meio à pressa e à
urgência, um coração alegre e esperançado. Pois o Senhor passou, e continua
passado entre nós. Passou em meio ao povo cativo levando-o do cativeiro à
libertação. Passou no Corpo e na vida de Jesus de Nazaré, suscitando-o da morte
à vida, Passa e passará em nossas vidas, levando-nos da noite escura da
injustiça, da violência e do vazio à alegria luminosa que vem do amor feito
serviço e lava pés aos irmãos oprimidos no rosto de quem brilha o rosto do
Ressuscitado.”
2. “Por isso, a celebração da Páscoa,
entre judeus ou cristãos, é a festa da vida e da alegria, mas também da
urgência. Urgência de viver no respeito e não apenas na tolerância às
diferenças que marcam as diversas identidades. Indignação e prática amorosa
diante das enormes desigualdades que aprisionam e desumanizam sociedades
inteiras.”
3. “Urgidos pela pressa de construir o
Reino e cientes de que não seremos livres enquanto outros permanecem escravos
de corpo ou de alma, cantemos Aleluia! É
nosso dever e salvação, pois Deus passou e libertou seu povo; passou e
ressuscitou seu Cristo dentre os mortos e nada jamais poderá separar-nos de seu
amor.”
Assim, Feliz Páscoa a todos, certos de uma preparação
consciente, pelo amor que Deus nos tem.
Marly
Moulin Seibert
Equipe
do Celebrando
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