quinta-feira, 26 de março de 2015

Considerações Gerais Para as Equipes de Liturgia Ed 103

A PÁSCOA
I – ORIGEM (Wikipédia e Texto de Maria Clara L. Bingemer - A Páscoa Judaica e a Páscoa Cristã)
1.    Do hebraico, Pesah ou Pesach (também escrito Pessach)
2.    Festa móvel, conforme o calendário civil, caindo – segundo o 1º. Concílio de Nicéia (ano 325) – no 1º. Domingo depois da lua cheia seguinte ao equinócio vernal (chamada lua cheia pascal), variando hoje, no ocidente, entre 22 de março e 26 de abril (inclusive).
3.    Na festa judaica, recorda a libertação do povo de Israel, escravo no Egito, conf. o livro do Êxodo – não excluído da festa Cristã.
4.    A Páscoa cristã tem seu fundamento na ressurreição de Cristo, pois “Deus regenerou os cristãos para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pedro 1, 3). Pela fé na obra divina, somos espiritualmente ressuscitados com Jesus para a vida eterna.
5.    A Páscoa cristã é estreitamente ligada ao Livro do Êxodo (festa judaica). Mas Jesus deu à refeição pascal (hoje quinta-feira santa) um novo significado, pois ele preparava a si mesmo e aos discípulos para a morte durante a ceia no cenáculo, quando identificou o pão e o vinho como seu corpo e sangue, que por nós seria derramado. Tratava-se de pão sem fermento, como diz Paulo em 1Cor, 5, 7 (ver).
6.    A Última Ceia, celebrada por Jesus e seus discípulos, era uma “sêder de Pessach” (Ceia de Páscoa). Os primeiros cristãos celebravam esta refeição para rememorar a morte e ressurreição de Jesus.
7.    O Cordeiro Pascal era uma das refeições tradicionais judaicas durante a Páscoa. Ao re-interpretar o significado desta celebração, os cristãos identificaram Jesus como sendo o cordeiro imolado, criando o símbolo do Cordeiro de Deus.
8.    O sábado de Páscoa é o sábado depois do Domingo de Páscoa (e não o sábado de Aleluia, antes dele).
9.    “A observância litúrgica tradicional, praticada por católicos, luteranos e alguns anglicanos, começa na noite do Sábado de Aleluia com a Vigília Pascal. Esta, considerada a liturgia mais importante do ano, começa numa escuridão total com o fogo pascal e o acendimento do Círio (símbolo do Cristo ressuscitado) e o canto do Exultet, uma proclamação de Páscoa atribuída a Santo Ambrósio.”
10.  “Depois deste serviço de Luz, seguem-se diversas leituras do Antigo Testamento. Elas contam as histórias da criação, o sacrifício de Isaac, a travessia do Mar Vermelho e profecia da vinda do Messias. Esta parte do serviço litúrgico culmina com o canto do Glória, do Aleluia e finalmente com a proclamação da “boa nova” (evangelion) de ressurreição. Neste ponto as luzes são novamente acesas e os sinos bradam (de acordo com os costumes locais).”
11.  “O foco então se volta do púlpito para a pia batismal. Nos tempos antigos, a Páscoa era considerada o período ideal para que os convertidos recebessem o batismo e esta prática continua entre os católicos romanos e na Comunhão Anglicana. Havendo ou não batismos neste momento, é tradicional que a congregação renove seus votos batismais, um ato que é geralmente selado com o aspergimento da água benta da fonte. O Sacramento da Confirmação é também celebrado durante a Vigília.”
12.  Divergências - Com base na interpretação de II Coríntios 6, 14 – 16 (ler) algumas tradições reformistas e contra-reformistas rejeitavam as tradições pascais, acreditavam que, se uma prática ou festa religiosa não estava diretamente na Bíblia, então ela deveria ter desenvolvimento posterior e daí não deve ser considerada parte da prática cristã autêntica, sendo desnecessária e/ou pecadora.
II – NA LITURGIA CATÓLICA, HOJE (pós Concílio Vaticano II)
1.    No Ano Litúrgico o Ciclo Pascal tem como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o tempo Pascal como prolongamento.
2.    A Quaresma: começa na quarta-feira de cinzas e vai até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo em que nos preparamos para viver o tempo pascal.
3.    Tríduo Pascal: ápice do Ano Litúrgico. Começa com a Missa da Santa Ceia, quinta-feira à noite, até a manhã, bem cedo, do domingo da Ressurreição, aí incluída, portanto, a VIGÍLIA Pascal – mãe de todas as vigílias. Celebra a morte e ressurreição do Senhor, "quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida".
4.    Tempo Pascal: Os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes, é o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, "um grande domingo”. São dias de Páscoa e não após a Páscoa.
5.    "Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor".
A festa da Ascensão é celebrada no Brasil no 7° domingo da Páscoa.
A semana seguinte, até Pentecostes, caracteriza-se pela preparação à celebração da vinda do Espírito Santo.
6.    Em sintonia com as outras Igrejas cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a "Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos".
7.    Recomendam-se, para esta ocasião, orações durante a missa, sobretudo na oração dos fiéis, e oportunamente a celebração da missa votiva pela unidade da Igreja.
Notas: Meses, semanas e dias temáticos (conf. Guia Litúrgico-Pastoral, da CNBB)
1.    "A comunidade deve celebrar a sua vida na liturgia (...). Mas deve celebrá-la à luz de Jesus Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um tema, de uma idéia (...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que lhe tocam mais de perto; mas à luz da palavra viva, corno o único tema... E quando não se penetra profundamente na palavra de Deus, na docilidade do Espírito, facilmente pode-se cair na moralização. (...) Assim, o domingo celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida”.
2.    A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os temas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia "não esgota toda a ação da Igreja" (SC 9). Ela é, sim, "o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força" (SC 10).
3.    A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela "não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as 'cores' da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas 'cores' diferentes da vida trazida com seu mistério para o encontro da celebração dominical”.
4.    Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e subsídios oferecidos. Na missa, os "temas" podem ser lembrados no início (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.
III - CONCLUSÃO
Concluímos com as anotações de Maria Clara Lucchetti Bingemer

1.    “Urgência de fazer avançar o Reino de Deus através do conflito e da dor. Pressa de fazermos acontecer o Amor, sobretudo onde o desamor parece haver conseguido seu maior avanço: na pobreza, na injustiça, na violência, na exclusão. Necessário em meio à pressa e à urgência, um coração alegre e esperançado. Pois o Senhor passou, e continua passado entre nós. Passou em meio ao povo cativo levando-o do cativeiro à libertação. Passou no Corpo e na vida de Jesus de Nazaré, suscitando-o da morte à vida, Passa e passará em nossas vidas, levando-nos da noite escura da injustiça, da violência e do vazio à alegria luminosa que vem do amor feito serviço e lava pés aos irmãos oprimidos no rosto de quem brilha o rosto do Ressuscitado.”
2.    “Por isso, a celebração da Páscoa, entre judeus ou cristãos, é a festa da vida e da alegria, mas também da urgência. Urgência de viver no respeito e não apenas na tolerância às diferenças que marcam as diversas identidades. Indignação e prática amorosa diante das enormes desigualdades que aprisionam e desumanizam sociedades inteiras.”
3.    “Urgidos pela pressa de construir o Reino e cientes de que não seremos livres enquanto outros permanecem escravos de corpo ou de alma, cantemos Aleluia! É nosso dever e salvação, pois Deus passou e libertou seu povo; passou e ressuscitou seu Cristo dentre os mortos e nada jamais poderá separar-nos de seu amor.”
Assim, Feliz Páscoa a todos, certos de uma preparação consciente, pelo amor que Deus nos tem.

Marly Moulin Seibert

Equipe do Celebrando

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