CONSIDERAÇÕES GERAIS
PARA AS EQUIPES DE LITURGIA
I – Bula “Misericordiae
Vultus” – Rosto da Misericórdia – Papa Francisco
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Jubileu Extraordinário do Ano Santo da
Misericórdia: 8 / Dez / 2015 - 20 / Nov / 2016
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Este será o 29º. Jubileu da história da
Igreja Católica – de 25 em 25 anos determinou-se um jubileu ordinário, sendo
realizados até hoje 26 anos santos ordinários e dois extraordinários (estes em
1922 – Papa Pio IX e 1983 – João Paulo II)
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“Misericórdia não é uma palavra abstrata, mas
uma forma de reconhecer, contemplar e servir”.
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Chamado à Igreja: oferecer com mais vigor os
sinais da presença e proximidade de Deus.
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Vigilância: sem distração, despertar em nós a
capacidade de fixar o essencial.
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Reencontrar o sentido da missão: ser sinal e
instrumento da misericórdia do Pai.
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Um ANO
SANTO: viver a cada dia a misericórdia, chegando às periferias, onde estão
os mais fracos e desprotegidos.
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“A credibilidade da Igreja passa pela estrada
do amor misericordioso e compassivo”.
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Toda ação pastoral: envolver-se pela ternura
com que se dirige aos crentes; nada pode ser desprovido da misericórdia.
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O “Rosto de Misericórdia” destaca o lema
“misericordioso como o Pai”, o convite à peregrinação e a necessidade do
perdão.
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Redescobrir as Obras de Misericórdia
Espiritual e Corporal – como um despertar da consciência, às vezes apática ao
drama da pobreza, e entrar mais no coração do Evangelho – os pobres.
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Apelo contra a violência organizada e
promotores ou cúmplices da corrupção.
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A Porta Santa da Basílica será aberta pelo
Papa dia 08/12/2015 e no domingo seguinte o gesto simbólico vai repetir-se em
todas as Igrejas do mundo, às quais o Papa Francisco tenciona enviar
“missionários da misericórdia”.
II – Liturgia e Fé: Rede de Comunidades
(com base na 28ª. Semana
de Liturgia, realizada em 2014)
A - Introdução
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A Liturgia supõe
e alimenta a Fé (SC 59)
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Necessidade:
despertar a fé das comunidades no jeito de celebrar.
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Encontrar
caminhos para maior integração entre fé-liturgia-vida.
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Exige: novo
fervor x fé autêntica.
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Liturgia envolve
cabeça e todo o corpo = Gestualidade
ATENÇÃO! Em sua exortação
“Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco mostra sua preocupação com a indiferença
entre os que se dizem cristãos, numa ‘crise’ de fé. Ele exorta as comunidades a
uma capacidade sempre vigilante de estudar os sinais dos tempos”. Diz ser “uma responsabilidade grave” das comunidades
se não buscam soluções boas, práticas, que tirem da indiferença aqueles que as
freqüentam.
- Quem sabe, “focar” a participação – em seu
sentido mais restrito – dos fiéis nas celebrações, para um avivamento da
fé?! Jesus Cristo participava, em
Israel, da vida em comunidade, reforçando “a experiência comunitária da
vivência da fé”.
B - Diocese X
Paróquias
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Cada Paróquia é
uma “célula” de uma Diocese (Igreja Particular).
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No contexto de
nossa Diocese, cada Paróquia tem várias comunidades – inclusive a da Matriz.
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Todo esse
conjunto de comunidades “se expressará na comunhão dos seus membros entre si,
com as outras comunidades e com toda a Diocese reunida em torno de seu bispo”.
O jeito de se expressar a fé é, portanto, uma responsabilidade enorme de todos.
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O Papa nos anima,
como pertencentes a uma comunidade, a “uma capacidade sempre vigilante de ‘estudar
os sinais dos tempos’;...se não encontram boas soluções, podem desencadear
processos de desumanização tais que será difícil depois retroceder”.
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...”reconhecer e
interpretar as moções do espírito bom e do espírito mau, mas também – e aqui
está o seu ponto decisivo – escolher as
do espírito bom e rejeitar as do
espírito mau.” (grifo meu).
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Desafios: - não a
uma economia de exclusão;
- não à nova idolatria do dinheiro;
- não a um dinheiro que governa em vez de
servir;
- não à desigualdade social, que gera a
violência;
- além de desafios
culturais...
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Tentações de agentes pastorais: Há entre os diversos seguimentos agentes que se doam
completamente ao “SERVIR”: colocar os dons que Deus lhes deu em favor dos que
necessitam, seja de formação, seja de exemplo, seja de caridade. Em
contrapartida há que se dizer não ao
pessimismo estéril: desânimo, sensação de derrota... ‘Quem começa sem confiança
perdeu de antemão metade da batalha e enterra seus talentos’. Há ainda os que
são “donos” da verdade, do poder... São espíritos do mal.
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“Basta-te
minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza” (2Cor 12, 9). Ainda que
essa graça tenha a cruz por prêmio. Estes são espíritos do bem.
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“Uma autêntica
conversão pastoral não se reduz a mudanças de estruturas e planos, mas
principalmente de mentalidade.” Nas pequenas comunidades todos se conhecem, se
ajudam, partilham a vida, o que têm, cuidam-se uns dos outros de acordo com as
necessidades, enfim todos são acolhidos. Há, então, maiores possibilidades de
um fortalecimento da fé, de forma fecunda... E, lembrando o Papa Francisco “sem a misericórdia, poucas possibilidades
teremos hoje de inserir-nos em um mundo de ‘feridos’, que têm necessidade de
compreensão, de perdão, de amor” (JMJ – Rio 2013).
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Há, entretanto, perigos
a serem evitados: grupos fechados, sem comunhão com a diocese e, às vezes
até com a própria paróquia – fundamentalismo;
e o perigo também de se formar uma comunidade quando grupos se reúnem
apenas por afinidades entre os membros.
C) Fé, Comunidade e Liturgia
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Vivemos numa
“crise espiritual” da fé: indiferença com Deus, com o outro e com o mundo.
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Mas... Comunidade
é um lugar de se ter experiência do “ser Igreja” (casa da Palavra, da
solidariedade, da vivência da fé e da Liturgia). Tudo está intrinsecamente
ligado. Vive-se o que se celebra e celebra-se o que se vive.
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Tg 2, 17 diz: “A
fé sem obras é morta”. E Tg 2, 18b: “Mostra-me a tua fé sem obras e eu
mostrarei a fé pelas minhas obras” Mas... que obra?
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O momento
reflexivo da Palavra celebrada deve fecundar a fé, orientando-a e
direcionando-a para a obra a que S. Tiago se refere. Ou seja: o conteúdo da fé
é que dá forma, é que caracteriza o agir cristão.
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Jesus teve essa
experiência comunitária da vivência da fé, e seu agir revelava um novo jeito de
cuidar das pessoas: anunciava a Boa Nova, não excluía ninguém, valorizou a casa
da família, formou uma comunidade de discípulos missionários, revelando-lhe os
mistérios do Reino.
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No Cap. 9 do
documento para a Liturgia - Sacrosanctum
Concilium, identificam-se 3 eixos:
-
martyria: anúncio, pregação, ensino,
catequese e testemunho.
-
diaconia: serviço, solidariedade,
caridade e política.
-
leitourgia: o culto, a oração, as
celebrações.
São
formas básicas e fundamentais de realização da fé na Igreja. Jesus realizou
todas elas; embora distintas, elas se comunicam e se complementam,
concretizando a comunidade de fé – a Igreja.
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O Livro dos Atos
dos Apóstolos apresenta os três retratos acima idealizados de uma
comunidade de fé (ler Atos 2, 42-47;
4,32-35 e 5, 12 – 16). Um ideal a se alcançar, o essencial, sem se negar as
questões adjacentes da religião cristã, mas afirmar a essência, o necessário.
Isto é, os 3 eixos são de tal importância, que não há como desligá-los.
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A Liturgia situa
os fiéis no coração do mistério da fé, ou seja, o Mistério Pascal de Jesus
Cristo. Mas considerando-se os tempos litúrgicos, podemos distinguir etapas
diferenciadas deste mistério. Daí porque a Liturgia é “fonte e cume de toda a
ação da Igreja”. Uma verdadeira profissão de fé, uma vez que nela se prolonga a
própria vida de Cristo, desde as profecias até a realização das mesmas, aí
incluso o serviço, quando Jesus nos mostra, através do lava-pés, que Ele veio
para servir. “... aquele que quiser
tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve”...
D) Conclusão
Difícil definir fé quando não se tem
vivência interior e comunitária, pautada na vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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Lembrete:
“liturgia” é qualquer ação que venha a beneficiar a vida da população. Exs.: Serviços
sociais voluntários; atenção a idosos, crianças abandonadas, enfermos; mutirões
comunitários, etc.
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Mas a Liturgia de
Deus é uma lição de vida a todos nós:
-
ao lavar os pés dos discípulos, Jesus se fez servo de todos.
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em sua morte e ressurreição, Ele derrotou a morte e vive para sempre. É uma
obra de Deus, uma Liturgia – somos o Corpo de Cristo.
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nós cristãos, fazemos memória da Páscoa que nos libertou das trevas para a luz,
seja pela celebração da Eucaristia, de um Sacramento, do Ofício Divino, pela
celebração da Palavra, pela pregação da Palavra, pelos espaços celebrativos,
pela prática da caridade e solidariedade, pela família, círculos bíblicos,
grupos jovens, catequese, pela vivência cristã no dia-a-dia...
Enfim: A
Liturgia do Corpo de Cristo, que somos nós, cristãos, continua a ser celebrada
de diversas maneiras:
- Pela palavra proclamada
e vivida
- Pela eucaristia
celebrada
- Pelos Sacramentos e
sacramentais
- Pela assembleia reunida
- Pela presidência
litúrgica
- Pela música litúrgica
- Pelos espaços litúrgicos
- pelos seres humanos, que
encontramos e servimos...
Além dos Ofícios da manhã,
da tarde, da noite...
Por ocasião da morte,
Das Bênçãos da mesa, casa,
da gestante, na Catequese de Iniciação...
E quem preside? O CRISTO
VIVO!
A Liturgia supõe e
fortalece a fé, acreditando sem condição, sem duvidar, perseverando,
compreendendo o outro. É falar do próprio coração de Deus pulsando em nosso
corpo e no dos irmãos. É perceber-se tocado por Deus, experimentar o próprio
mistério do amor de Deus mergulhado de cabeça em nossa realidade humana – cheia
de anjos e demônios.
(Textos/slides: Pe. Danilo Cesar, Frei Ariovaldo, Dom
Edmar Peron – da Semana de Liturgia; e
tarde de reflexão e vivência na Par. São Felipe, conduzida por Cristian Vieira.
Marly Moulin Seibert
Pela equipe do
Celebrando